domingo, 20 de novembro de 2016

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Aula de canto — Júlia com Maíra

Primeira aula

Vamos cantar "Mentiras" juntos no Smule! Aqui está o link para participar: http://www.smule.com/c/588935750_788285573

terça-feira, 15 de novembro de 2016

João recebe Nina

João recebe Nina com muita saudade desde a viagem a São Paulo.

Maíra no Frutos da Terra

Hoje a Maíra cantou mais uma vez no Frutos da Terra!

https://youtu.be/Cd3Oz5yDGGc

Pedro Vinicius no You Tube

O Pedro Vinicius fez um canal no YouTube! Está aprendendo a fazer vídeos, cada dia posta uma coisa diferente!
https://youtu.be/o90cmUMCiZQ

Gael no jogo do Atlético Goianiense

Hoje o Gael foi ao jogo do Atlético Goianiense assistir o time ganhar a série B do Campeonato Brasileiro. A mamãe ficou com o coração apertado, mas no final das contas deu tudo certo e foi uma delícia vê—lo bater palminhas na torcida do Dragão!

terça-feira, 8 de novembro de 2016

Convocação para a super lua

Por Euler Ivo

Pessoal, vamos nos mobilizar para ver essa super lua. Próximo dia 14 de novembro. Há 70 anos a lua não aparecerá tão grande e tão iluminada. Será uma super lua cheia!

Feliz dia dos pais, Fernando!

Era ele que conversava todos os dias com o Gael ainda embrião. Foi ele que fez uma seleção de músicas clássicas para seu bebê ouvir  desde o ventre. Que pesquisou por uma semana qual o melhor carrinho de bebê e dormiu preocupado se o novo carrinho era mesmo o mais confortável. Ele que reformou  todo o quarto, pintando parede,  letras do nome do Gael e os cachepôs de madeira para os bichinhos de pelúcia mais originais que comprou. Ele que fez todo um sistema de encanamento pra deixar o banho do Gael mais confortável. Foi ele que apertou as minhas mãos e me ensinou a respirar durante o trabalho de parto. Que colou mini sapatinhos na porta do quarto da maternidade. Que fez o seu filho mostrar a língua e sorrir pela primeira vez. Que suportou com muito carinho todas as tenebrosas tempestades das variações de humor de uma mãe de primeira viagem. Ele é esse tipo de pai cuja paixão pelo filho é tão grande que desejou poder amamentar. Que embalou seu filho feliz da vida como bebê canguru. O que dizer para o Fernando hoje? Apenas que esse é só o começo de uma longa história de amor. E que eu, como mãe, mesmo nos dias mais difíceis do puerpério, jamais me esqueci. Meu lindo, essa é uma boa oportunidade para eu te dizer do quanto me orgulho do pai que você é. Pra eu te dizer que você é o pai que eu sempre desejei para os meus filhos. Obrigada pela decisão. Pelo carinho, pelo suporte, pela paciência, pela entrega. A nossa história de amor está só começando! Feliz primeiro dia dos pais!  Te amo muito!

Amizade preciosa


Nina e Pedro Vinícius, sempre unha e carne.

Nina em São Paulo



Nessa semana nossa querida Nina foi a São Paulo para ajudar a madrinha Maíra nas compras da loja. Vai ser um barato!

quinta-feira, 28 de abril de 2016

Saudades da minha vó

Por Júlia Lemos



Tenho saudade daquelas tardes vazias em que o tempo se suspendia naquela imensidão de sala para tão poucas palavras... A cadeira de rodas girando no azulejo amarelado daquele chão descombinado com a pintura grotesca das paredes... Os papagaios velhos que já não conseguiam acompanhar tão bem a lucidez daquela senhora, cujas rugas tomavam mais o corpo do que o próprio rosto...

Aqueles olhos de sobrancelhas arqueadas, que resistiam a se quedar com o tempo, eram o único reflexo da verdadeira imensidão de lucidez que ela trazia por dentro. Minha avó... minha avó que não era vovozinha. Na minha tenra infância, os seus biscoitos de queijo quentinhos eram quase mais doces que a sua voz. Foi na idade adulta que fizemos nossos laços, foi naqueles dias em que eu compreendia cada vez mais nitidamente o significado da palavra solidão e me compadecia da tragédia humana dessa triste realidade que um dia há de açoitar a todos nós de algum modo. Solidão, lava que cobre tudo e nos sorri seus dentes de chumbo, que fica muito bem na poesia e muito dura na realidade. Aquelas pequeninas xícaras velhas esmaltadas sobre a bandeja da cozinha, esperando pelo café amargo que serviria as visitas, iam ficando cada vez mais sem uso. As cadeiras descombinadas e o sofá feio já não precisavam sair do lugar para encaixar os filhos e netos que outrora enchiam a casa em noites de domingo. Os papagaios velhos continuavam ali envelhecendo, cantando pouco e mal com a rouquidão que o tempo trazia, mal servindo, portanto, para substituir as visitas cada vez mais escassas. Me lembro quando aquela televisão tão odiada por ela começou a ser ligada. Primeiro, uma vez por mês. Depois, uma vez por semana. De repente, minha avó já era capaz de passar por cima de toda a sua ira contra a televisão e aceitá-la como companhia possível. O amargo ia ficando mais doce, tão doce que um dia presentificou-se de vez em uma diabetes que não queria mais partir.

Eu atravessava aquela trilha que levava da minha casa para esse recanto de minha avó e no meio da trilha, ao cruzar o portãozinho enferrujado, me sentia atravessar o portal para o universo paralelo. Como naqueles filmes de fantasia, mas muito mais intenso. Porque os filmes, afinal, nunca chegam aos pés da imensidão da vida. A fantasia era cheia de remendos em seus bordados delicados, que deixavam transparecer o quanto de delicadeza pode haver mesmo na mais dura das vidas. Aqueles paninhos bordados em linhas coloridas, com riscos de caneta azul nos fundos dos desenhos que ela fazia por conta própria e que acabava não submetendo-se por conta própria também, cobriam a geladeira, a banqueta de telefone fora de moda, a mesinha da imagem da santa, o armário da - tão odiada - TV e a penteadeira recheada de perfumes ressecados do quarto. Quando eu atravessava aquele portal, o universo particular no qual a solidão grudava-se como lava em cada pequeno canto, mais parecia um espaço da conciliação da dor com a paz. A solidão ali, tão espreita, dava tapinhas em nossas costas. Esfriava os nossos pés. Enchia o ar de silêncio. Mas a gente gostava de olhar pra ela assim: bem de frente. Ela era encarada nos olhos abertos e arqueados de minha avó. E nos meus olhos desconfiados. E a gente devolvia bofetões na cara da solidão. Porque ríamos dos causos felizes e dos tristes também. Porque o café meio velho e o pão meio duro da latinha era nosso banquete naqueles poucos momentos em que poderíamos nos alegrar pela simplicidade de nos termos ali, uma à outra, para não sermos nem ternas, nem rudes, nem belas, nem feias, nem sagazes e nem bobas.


Podíamos nos alegrar em ver a amargura cortante da vida em toda a sua crueza refletida uma nos olhos da outra, porque a gente não precisava fingir felicidade e nem chorar pelas coisas tristes. Precisávamos apenas deixar o tempo se arrastar o quanto fosse preciso para fazer o seu trabalho de ir lavando... De ir lavando, lavando e lavando aquelas nossas ideias tão infestadas da poeira dos sótãos do pensamento. Ela podia insistir para que eu não risse - pois que era verdade - que o cachorrinho preto que pegaram da rua pra criar havia morrido de calor. Morrido assim, de repente, com a língua pra fora, só por sentir muito calor. Morre-se de tudo nessa vida, por que não de calor, afinal?  Ela podia me explicar que não havia nem mesmo contradição em amar as galinhas do quintal mais do que todos os animais fofinhos juntos e, de vez em quando, fazer um cozido de frango caipira. Ela podia me mostrar a sua coleção de chifres de besouro como muito mais preciosa do que aquela sua caixinha de joias que ela nunca iria usar. E eu podia entender. E a gente podia ir assim, aos pouquinhos e do nosso jeitinho, fazendo as tardes decifrarem as contradições da vida.  Por isso, vira e mexe eu tenho saudade. Saudade do lado doce dessa rudeza nua da vida que se revelava tão possivelmente inteira a cada travessia daquele enferrujado portal. 

sábado, 6 de fevereiro de 2016

O parto do Gael

Por Júlia Lemos

Eu já estava com generosos 3 cm de dilatação, que me vieram ao longo de dois dias sem qualquer manifestação dolorosa. Seis de fevereiro era um sábado de sol, céu azul e nuvens brancas. Churrasco delicioso na casa de Tati e Plínio, regado à muita música nostálgica. Eu e Fernando fazíamos a cesta quando senti um sopapo lá embaixo que me fez pular da cama. Eram 16:30. “Fernando, Fernando, acorda! Acho que a bolsa estourou!”  Ainda meio sonolento, Fernando mal acredita no que eu digo e então eu digo novamente: “A BOLSA ESTOUROU!!!”  Então é ele quem pula da cama e corre para me trazer uma toalha. E eu corro para o banheiro para me certificar que de fato era isso. Chegara mesmo o momento? Não parecia que a bolsa tinha estourado, não descia tanto liquido...  “Chama a minha mãe, Fernando!” E... Sim, era a bolsa! Ligamos pra Dra. Ana Cristina enquanto o Fernando terminava de arrumar a malinha da maternidade e eu rebolava em cima da bola de pilates. Mal  a Dra. Ana retornava nosso contato e minhas contrações já estavam com intervalo de 3 minutos. Era hora de ir para a maternidade. Os 3 minutos entre as contrações eram suficientes para descansar, lembrar da respiração correta e tomar fôlego para concentrar na dor. Naquele pequeno longo trajeto de casa ao hospital, eu estava muito, muito feliz. Conseguia mergulhar na dor com grandeza, com entrega, com generosidade. Fernando mal acreditava no que estava acontecendo. Ele mal cabia em si.

Chegamos à maternidade e a coisa começou a ficar um pouco mais tenebrosa na minha subjetividade. “É sério que eu preciso descer do carro e dar 10 passos até a recepção?” Aquilo o parecia impossível, uma escalada de Everest. Mas, vamos lá. Mal acredito quando chego lá. “Parece que não estou mais conseguindo respirar... Como é mesmo? Como é mesmo?”, eu já não estava mais em mim. Era apenas uma dor e um inconsciente. Como se tivesse tomado um psicodélico potente, não suportava quando falavam comigo “por que, cargas d’água, as pessoas falam comigo?” Era a única coisa que eu pensava com irritação, sem conseguir dizer nada  diante de qualquer pergunta. Mas eu entendi que falavam que era preciso sair do banquinho da recepção e ir até uma sala onde a equipe médica faria o exame para saber o quanto eu estava dilatada... Estava ficando muito difícil!  “É sério que eu preciso  dar 10 passos até essa salinha? Eu posso enfrentar a dor, mas não, não posso caminhar até essa sala ali ao lado. Simplesmente não vou conseguir dar nem um passo!!!”, eu pensava. Peguei fôlego e subi mais um Everest até chegar lá. E verificar que estava com 5 cm de dilatação. “Pouco me importa isso... Apenas me deixe quietinha com a minha dor!”. E começou a vir uma aflição e calor insuportáveis. Eu não conseguia responder ou olhar as pessoas,  apenas tinha vertigens de imagens em que eu arrancava o meu vestido com uma tesoura e prendia os cabelos para cima. Parecia sufocada de calor e de dor. Minha mãe prendeu os meus cabelos desesperadamente com uma bexiga de festa que encontrou em sua bolsa. Eu não conseguia verbalizar, mas intimamente fazia festa de agradecimento à minha mãe por compreender a minha urgência em prender os cabelos. Essa era a minha mãe. “Mãe, eu amo você e a sua enorme empatia!”, pensei.

Só faltava agora arrancar aquele bendito vestido. Mas me diziam que agora era preciso chegar até o quarto do hospital. “É sério que eu preciso ir até esse quarto? Eu quero apenas ficar quieta com a minha dor!”.  Sair do lugar era um terror. Eu já não sabia quando respirar e por vezes achava que estava afogando sem ar. Não sabia mais contabilizar quando a dor ia e quando a dor vinha. Simplesmente  não estava conseguindo me concentrar, e isso dificultava enormemente meu processo. A dor chegava me pegando de surpresa, eu não estava mais conseguindo me preparar nos intervalos. “Não, eu não consigo ir para o quarto, por favor, me deixem aqui!!”.  Fernando rapidamente me colocou numa cadeira de rodas e correu pelo hospital até o quarto. Eu desci da cadeira vomitando muito e arrancando o meu vestido, um dos momentos mais aliviantes de todo o processo. Eu queria apenas vomitar e arrancar o vestido, ficar nua, ficar nua e me concentrar na minha dor. E ali fiquei. A enfermeira que entrou me levou para o chuveiro, eu nem precisava, estava muito feliz ali mesmo, numa relação de amor com tudo o que coloquei pra fora e que me aliviou. Mas, quando a água quente do chuveiro bateu nas minhas costas, eu finalmente caí de volta a mim por alguns minutos. Tal como dentro do carro, eu agora conseguia aproveitar o pouco intervalo das contrações para descansar e ritmar minha respiração. Finalmente era eu, água, a minha dor, a minha respiração, o universo, e nada mais.

Aos poucos, o intervalo entre as contrações simplesmente desapareceu por completo. E eu saí de mim novamente. Parecia apenas eu e minha dor, minha dor, minha dor, minha dor. Cadê o tempo pra respirar? Na minha mente, eram pouquíssimos segundos entre uma contração e outra. Quando a Dra. Ana Cristina me levou pra cama e identificou 7 cm de dilatação, eu já não existia. Era apenas a dor e mais dor. Fernando me lembrou que eu poderia gritar. E então eu gritei. Gritei o canto do parto. Aquele grito de agonia e de alívio. Não demorou e eu optei pela analgesia. Fernando, cujas mãos eu segurava como se só assim conseguisse pegar ar, respirar, confirmou se era isso mesmo que eu queria, já que havíamos combinado de ele insistir comigo pra eu fazer tudo natural. Mas eu precisava respirar, precisava voltar a mim. Mas, aff,  tinha que subir mais um Everest até o centro cirúrgico pra tomar a peridural!!. Depois vim a compreender, eu estava com contração de 1 em 1 minuto. Ao entrar no centro cirúrgico, senti uma paz. O que eu jamais poderia imaginar antes. Mas, aquele silêncio, aquele frescor, o abraço cuidadoso da Dra. Ana Cristina... Eu não queria mais sair dali. Tomei a peridural às 19:30. A Dra Ana me sugeriu retornar para o quarto... “O que? Não e não! Não quero mais sair do lugar!” Fernando e Amanda vieram ficar comigo. E então pude, nos últimos 3 cm de dilatação que restavam, viver a magia do parto. A analgesia não tirou minha dor,  muito menos meus movimentos. Me permitiu sentir a dor e o meu corpo de modo sublime...

Às 21:00 eu já estava com 10 cm de dilatação e a Dra Ana me estimulou a começar o movimento expulsivo.  Eu estava sentada na banqueta de cócoras e o Fernando estava sentado atrás de mim, me abraçando. Parecia perfeito. Mas eu simplesmente não estava conseguindo fazer a força certa para o bebê sair. Fui então para a cama obstétrica. Nunca imaginei que fosse preferir aquela posição. Aos poucos fui conseguindo entender o movimento que deveria fazer. Mas, parecia demorar uma eternidade...  As dores começaram a voltar. O Gael encaixou e o Fernando se empolgava porque via a cabecinha dele quase saindo... Mas eu sentia agora muita dor. E,intimamente, começava a entrar em pânico, com medo de não dar conta. Quando a Dra. Ana falou “deixa o Gael fazer o movimento dele”, parece que eu consegui senti-lo, sentir o que ele queria e onde eu deveria pressionar. E foi indo, foi indo e então veio o Gael! Quando colocaram ele no meu colo, eu não conseguia acreditar! Quis puxa-lo para o meu peito, mas ainda tinha que esperar pra cortar o cordão umbilical. O Gael chorou muito até o exato momento em que eu falei “Oi Gael! A mamãe está aqui! Nossa, como você é lindo!”. Foi mágico, porque ele simplesmente parou de chorar ao ouvir a minha voz. Aquilo parecia tão surreal! Me emocionei muito! Quando pude enfim coloca-lo em meu peito, ensinei ele a pega com boca de peixe. E ele já começou a sugar um pouquinho! Foi tão lindo, não existem palavras possíveis para expressar o que eu sentia.

Fui para o quarto e encontrei minha família linda. Eu estava pura energia e puro amor. Precisava abraçar cada um (cada um mesmo! Pai, mãe, irmãs, sobrinhos, cunhada, sogro, amigos...)  pra dizer “eu te amo, você é muito importante para mim!”. Era uma necessidade, como uma imensa sede, cada abraço daquele. Não posso descrever o quanto o Fernando e a minha mãe foram perfeitos e fundamentais em cada um desses momentos. Os dias que se seguiram foram, simplesmente, dourados. Tinha ainda o sangue que descia, o desconforto urinário e tudo... Mas aqueles dois dias na maternidade selavam-se na minha memória como uns dos mais felizes da minha vida. Senti-me acolhida pelo universo. Senti-me plena. Diferente. Eu não conseguia mais me lembrar de quem eu era antes. O que me movia antes? O que eu sentia? O que eu pensava antes? Que absurdo! Parecia que o mundo se resumia àquele quarto! Parecia que o tempo não Ia mais correr. Estava tudo total e completamente suspenso. Como se eu não precisasse de mais nada nessa vida. Eu olhava o Gael, sentia meus pulmões, e aquilo simplesmente me bastava. Tudo isso de uma forma muito assustadora, porque eu não estava a fim de romantizar nada. Era na minha fria objetividade que aquele sentimento de magia me roubava. Eu resolvi me deixar levar. Porque nada mais seria como era antes.